A escassez de insumos e matérias-primas na indústria e no comércio pode fazer com que alguns produtos fiquem mais caros neste Natal. O alerta é da doutora e mestra em Administração de Empresas e professora dos cursos de Graduação e Pós-graduação da Fecap Sandra Façanha.
“Há uma escassez de insumos, especialmente de algumas commodities agrícolas, como é o caso amplamente divulgado do arroz, mas também da soja, do milho e da carne”, afirma.
Ela destaca, ainda, que nunca a exportação foi tão lucrativa para o País. Desde o Plano Real em 1994, apesar de alguns picos, em nenhum momento a taxa cambial havia superado a barreira dos R$ 5. Também por este mesmo motivo, as importações sofrem de forma inédita, o que contribui para a enorme dificuldade de o País buscar uma compensação desses insumos no exterior.
Para a especialista, o fenômeno pode encarecer os produtos, logo agora no período que antecede o Natal. “Em geral, as empresas vão tentar ganhar tanto na margem quanto no volume para recuperar o que foi perdido e de forma rápida”, analisa.
“Não devemos esquecer de que determinados setores fortemente atingidos pela pandemia no primeiro semestre já recuperaram as perdas sofridas, como é o caso da indústria, bem diferente dos serviços, que ainda sofrem. De certa forma, colocando nossa economia em uma perspectiva mais ampla, estamos desde 2015 sofrendo reveses no PIB que ainda nos colocam, em valores reais, abaixo do PIB de 2009.”
Sandra Façanha destaca, ainda, a reinvenção pela qual muitas indústrias passaram neste ano. “Ao longo da pandemia, empresas que fabricavam um produto X passaram a fabricar álcool em gel, protetores faciais, entre outros itens associados à pandemia. A indústria de motocicletas, por exemplo, produto muito procurado ao longo da pandemia, continua trabalhando em três turnos e, ainda assim, não dá conta.”